Autor: Gustave Flaubert
Tradutora: Raquel de Almeida Prado
Berlendis & Vertecchia Editores
126 páginas
Nota no Skoob:
2 estrelas (regular)
Um Flaubert novo, quase desconhecido - jovem, exercita-se como narrador, cria personagens diabólicos, mas também profundamente humanos. Um Falubert que brinca com a parafernália gótica, dando vazão a uma imaginação alucinada. Se o leitor busca bom entretenimento, ele encontrará aqui o frescor irônico de um gênero que sempre contou com um público fiel - pois a inspiração gótica adaptou-se à indústria cultural, passando dos livros e palcos às telas do cinema, à HQ e ao rock.
Oi, você que está lendo essa resenha! o/
Antes de tudo, eu queria dizer que eu não queria falar que o nome da Editora é muito bonito. Muito bonito mesmo.
GOTHICA é mais um livro intocado que eu achei na biblioteca da escola. By the way, lendo alguns posts da série “A biblioteca da minha escola” do Livros e afins, eu percebo o quanto a biblioteca da minha escola é boa...
Pra quem não se lembre, ou não saiba, Flaubert é o autor de Madame Bovary, livro que, falando nisso, já está localizado na biblioteca da escola e já está na fila – gigantesca fila, diga-se de passagem – de livros para eu ler.
Devaneios à parte, à resenha.
Histórias
Raiva e Impotência
Sendo o mais suscinto e fiel possível, Raiva e Impotência relata a história de um homem TACITURNO (note-se isso), que foi enterrado vivo porque seu sono era muito pesado.
A Peste Em Florença
Como está escrito na apresentação do livro, escrita pela tradutora, em A Peste em Florença tem-se a sequência: profecia, maldição, traição, vingança. Trata-se da história de uma família, mais especificamente de dois irmãos, que foram visitar uma velha mucho loca vidente/cartomante, que disse que haverá inveja e ódio na vida de um deles e que o outro prosperará muito em poucos dias ou alguma coisa assim. De fato, um deles virou cardeal, e o outro foi ficando quieto, amuado, rechaçado e TACITURNO (note-se isso). Aí um matou o outro no final.
Bibliomania
Esse é curioso. É a história de um velho, Giacomo, que era obcecado por livros e TACITURNO (note-se isso). Ele tinha uma biblioteca vasta, de livros, pergaminhos, manuscritos e afins e tinha raiva de um outro bibliófilo, Baptisto, que vinha comprando todos os livros raros que apareciam em leilão. Então tem uma sequência de fatos muito peculiar, que eu não vou por aqui muahaha e o final é nonsense. O curioso é que Giacomo não sabia ler Ô.ô.
Sonho do Inferno
É o maior conto do livro. Conta a história de nada e de ninguém; mais adiante eu explico. Trata de Arthutr de Almaröes, que é um homem muito poderoso (em todos os sentidos da palavra) e TACITURNO (note-se isso). Acontece que, de repente, Arthur leva um lero com satã (?), e este último quer levar sua alma. Mas Arthur alega que não tem alma e o capeta diz que se ele se apaixonar ele vai ver como tem alma. Então satã faz com que uma tal de Julietta caia de amores por Arthur, que nem dá bola para ela. No final Julietta se joga de um penhasco, satã convence-se de que Arthur não tem alma e vai embora e nada acontece com Arthur.
O Funeral do Doutor Mathurin
Desse conto eu não lembro muito sorry, mas a história é mais ou menos essa: ela trata desse Dr. Mathurin, que viva nas montanhas com seus discípulos e NÃO ERA TACITURNO (note-se isso); aí um dia ele decide morrer, morre e é enterrado. -.-
Minha Opinião
Ler Gothica me trouxe uma sensação de vazio interior que eu não sei explicar. Não é um vazio como se faltasse algo, mas é um vazio pleno. Ah, deixa pra lá.
O importante é saber que: eu não me desesperei em Raiva e Impotência; eu apreciei razoavelmente A Peste em Florença; eu não achei coisa alguma de Bibliomania; eu não entendi lhufas de Sonho do Inferno; e eu achei O Funeral do Doutor Mathurin interessante, divertido e vazio. Agora destrinchemos.
Penso que Raiva e Impotência foi escrito para gerar desespero no leitor, afinal, Ohmlyn é enterrado vivo! Mas eu não me desesperei... Não sei por que, mas não capturou-me a atenção o suficiente.
D’A Peste em Florença eu gostei da cena em que Garzia mata Francesco, da loucura que emana dessa cena. Adoro pessoas loucas s2. Do resto do conto eu não tenho nada a dizer, porque ele não significou nada para mim.
Bibliomania é pointless. Só isso.
Sonho do Inferno é muito abstrato; imaginativo demais. Afora ser completamente desprovido de razão, ele é completamente desprovido de razão só pra fixar e acaba como começa: em lugar algum. Eu não acompanhei muito a história, não sei se porque atei-me por demais à razão ou se porque não fui com a cara de Arthur. Eu tive náuseas enquanto eu lia esse conto, provavelmente porque eu não me prendi ao conto e ele não oferecia nada que me prendesse. Resumindo, esse conto é bizarro, intelectualmente cacofônico e vazio. (Acho que são os cabelos de Arthur que estampam a capa do livro.)
O Funeral do Doutor Mathurin me lembrou de uma parte da música “Elephant Gun - Beirut": “As did I, we drink to die / We drink tonight”. Mathurin morreu pleno, ele decidiu que queria morrer e assim o fez.: morreu feliz e bebendo. E que ideia é essa de ir passear com defuntos pela cidade? Esse é o melhor conto do livro, na minha opinião, mas é vazio mesmo assim.
Eu não quero falar que Gothica é ruim, porque contos como o último e o segundo são bons, mas eu achei ele regular, talvez porque eu não abstraí o suficiente. Mas, enfim, leia e decida-se por si próprio sem ajuda de ninguém além de você mesmo, não abusando do pleonasmo. Para mim, em matéria de contos ninguém supera J. L. Borges =).
Até mais. o/