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Livro: As Brumas de Avalon: O Prisioneiro da Árvore
Autora: Marion Zimmer Bradley
Tradutor: Waltensir Dutra
Coleção: As Brumas de Avalon – Livro 4
Editora IMAGO – 239 páginas
Nota no Skoob: ***** (ótimo)
A saga do Rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda foi contada e recontada inúmeras vezes, principalmente como uma história de aventuras sem maior densidade. Marion Zimmer Bradley, escolheu um ponto de vista mais original e perspicaz para narrar esta história. Tomando o do ponto de vista feminino, principalmente de Morgana, irmã de Artur, sua amante e sacerdotisa de Avalon, a ilha sagrada onde se refugiam os remanescentes da antiga religião bretã. O foco da trama é justamente a luta pela preservação da velha seita, carregada de mistérios, onde a deusa impõe ao mundo uma sociedade de domínio feminino, contra a implantação do cristianismo.
Vol. 4
A saga chega ao final. Os destinos de Merlin, Arthur, Morgana, Guineverre e Lancelot chegam ao fim e nasce uma lenda feita para aquecer o coração e a imaginação. Sinopse aqui.
Oi, você que está lendo essa resenha! o/
Infelizmente, cheguei ao fim de As Brumas de Avalon. Infelizmente porque os livros são muito bons mesmo...
Já sabe. Resenha do 4º livro contém spoiler do 3º e dele mesmo (não vou conseguir não colocar spoilers dele mesmo).
Resenha dos livros 1, 2 e 3, caso você ainda não tenha visto:
Cenário
É praticamente igual ao dos outros livros, embora neste o cenário não influencie muito, então, nem vou repetir o que estava escrito nos outros.
História
Morgana sabe que já não lhe resta muito tempo para cumprir a missão que a Deusa lhe destinou: como Senhora do Lago - ou pelo menos como sacerdotisa, embora ela saiba que posto ela realmente ocupa - ela deve fazer com que a Deusa se torne presente novamente na vida do povo. Ela precisa encontrar uma forma de fazer com que a Bretanha lembre-se daquela que outrora fora a grande deidade do local, a Senhora, a Mãe, a Deusa.
Em 'O Prisioneiro da Árvore' os grandes conflitos que marcam 'As Brumas de Avalon' sobem aos seus extremos. Em suas últimas investidas, Artur, Gwenhwyfar, Morgana e todos os outros protagonistas desta história usam de suas últimas forças para tentarem realizar seus propósitos de vida.
Minha Opinião
Então, né. É complicado. Poucas vezes eu encontrei um livro com o qual eu me envolvi tanto.
É difícil escrever como foi a minha leitura desse último livro, que, na minha opinião - esse é nome do tópico, aliás - é o mais intenso de todos.
Minha primeira sensação com o livro, nas primeiras páginas, foi um saudosismo incompreensível. Eu me lembrava dos cenários dos primeiros livros, de como as coisas ainda não eram tão complicadas neles, de Igraine vendo o mar das falésias de Tintagel... depois lembrei-me de quando Morgana era pequena e a história era focada em Igraine: o que é que ela, Morgana, pensaria se soubesse o que lhe aconteceria na vida? Lembrei-me ainda, de quando Gwenwhyfar era somente uma jovem boba e que não sabia nem ler direito, de quando Artur era só um garoto que não tinha a mínima noção do que era ser rei, de como os outros personagens - que, embora sejam coadjuvantes, são tão importantes à história quanto os protagonistas -, Gawaine, Galahad / Lancelote, Cai, Raven, etc, entaram na trama, impondo, de certa forma, suas ideologias aos lados que apoiavam. Enfim, dissertaria eternamente aqui sobre a história inteira...
Depois, me veio uma sensação, muito estranha por sinal, de estar lendo uma comédia. A acidez dos comentários de Gwydion somada ao sarcasmo e a malícia de Morgana é impagável! E a reação que eles provocam nos outros quando fazem seus comentários é hilária! Aqui vai um trechinho do veneno de Morgana:
"[à Lancelote] Achei que já era tempo de você parar de partir os corações pelos reinos da Bretanha e da Gália. Então fiz aquele casamento, e não me arrependo. Tem, agora, um adorável filho, que é herdeiro do reino do meu irmão. Se não tivesse interferido, você teria permanecido solteiro e ainda estaria partindo todos os corações, não é mesmo, Gwen?"
Este trecho está na pg. 39. Ri muito com a indireta (ela está sublinhada, se você não entendeu).
Enfim, e depois ainda, me veio uma tristeza enorme, quando a história foca em Morgana, que me acompanhou até o final do livro. Pela Deusa! Nada do que ela planeja dá certo! Acolon, Gwydion, Artur, Lancelote, Viviane, Raven, Kevin, Nimue e Niniane, todos mortos. E todos eles tinham envolvimento, de alguma forma, com algum plano de Morgana. Não obstante, Morgana ainda tem uma postura diferente com cada pessoa que ela conhece, e ela mesma é várias (Morgana Mãe, Morgana Sacerdotisa, Morgana Deusa, Morgana Rainha, etc), ou seja, ela é várias para o mundo e múltipla para si mesma. Como deve ser difícil ser ela. Ainda mais porque nada dá certo pra ela. E ela continua lá, tentando restaurar a fé na Deusa, tentando manter Avalon próxima do mundo real, tentando continuar a ser sacerdotisa e tentando não derramar lágrimas. Dando soco em ponta de faca. Tive muita empatia com ela.
Considerações Finais
Acho que já escrevi demais... enfim, esse último livro me provocou um sentimento de perda, um vazio, pois Avalon se foi, Camelot se foi, a paz na Bretanha se foi. Artur, Gawaine, Gareth, Lancelote, Gwydion, Galahad, Elaine, Gwenhwyfar, Viviane, Igraine, Gorlois, Uther, Lamorak, Lot, Niniane, Taliesin, Kevin, Nimue, Raven, Meleagrant, Acolon, Uriens, Balam, Balim, Avaloch... todos morrem, e Morgana continua, porém morre para o mundo 'real' quando se isola em Avalon, que já não faz mais parte do mundo real. E a Deusa? A Deusa ainda existe e sempre existirá, pois, neste livro e em Balzac, são as mulheres que mexem os fios para manipular a história da sociedade.
Até mais.
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